Baseado em valores contemporâneos, o arquiteto José Ricardo Paes de Barros Jr. busca transpassar a realidade da sociedade por meio das obras desenvolvidas por seu escritório, trazendo coesão entre natureza, tecnologia e uso de recursos
Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em 2016, José Ricardo Paes de Barros Jr. primeiramente ingressou no curso de Ciência da Computação, pela mesma faculdade, em 2008, no qual estudou por três anos até perceber que a escolha não era exatamente o que queria seguir para sua vida. Foi então que resgatou um interesse de infância – pela tecnologia e construção civil – e decidiu mudar a faculdade para Arquitetura, no intuito de depois migrar para Engenharia Civil. Não precisou. Ao longo da formação, foi se apaixonando pela profissão, pelo modo abrangente como ela pode atuar na sociedade, e atualmente não se vê mais fazendo outra coisa.
Hoje, juntamente aos sócios Ana Carolina Rodrigues e Leonardo Prazeres, está à frente do escritório Arch Concept Arquitetura, cuja identidade contemporânea reflete no resultado de seus projetos, no qual o portfólio conta com obras residenciais e corporativas. “Acreditamos que a Arquitetura deve ser um reflexo da sociedade em que vivemos de modo social e temporal.”
Quais são as suas influências dentro da Arquitetura? E o que gera inspiração para o seu trabalho? Nos conte mais sobre seu processo criativo.
Minhas influências são dinâmicas, vou conhecendo novos projetos e arquitetos, e tento extrair o melhor de cada referência. Quando vou desenvolver um novo projeto, costumo procurar entender quais as necessidades e anseios do cliente. Com base nessas informações, entro de cabeça em pesquisa, procurando boas referências para me apoiar com o lançamento de ideias. Depois vou desenvolvendo, fazendo ajustes para chegar ao melhor possível para o cliente.
Nos apresente o escritório Arch Concept. A equipe é composta por quais profissionais e qual função você desempenha?
Na Arch Concept, atualmente somos em três arquitetos, eu e meus sócios Ana Carolina Rodrigues e Leonardo Prazeres. Na empresa, eu fico à frente da coordenação de obras. Atualmente, estou finalizando a implantação do nosso projeto de interiores em Primavera do Leste (MT).
Qual a identidade do escritório e quais valores vocês prezam nas concepções de seus projetos?
O escritório se identifica com valores contemporâneos e isso se reflete, inevitavelmente, na arquitetura que produz. Acreditamos que a Arquitetura deve ser um reflexo da sociedade em que vivemos de modo social e temporal. Dessa maneira, nossa produção é marcada por abordagens digitais, buscando os limites entre o uso da tecnologia na Arquitetura, a busca por uma coexistência pacífica entre o homem, a natureza e a economicidade de recursos, seja no âmbito financeiro ou no âmbito natural. Acreditamos que a real beleza da Arquitetura advém de uma arquitetura de qualidade, bem projetada, sem a necessidade de adornos ou adereços.
Explorando o portfólio do escritório pelas redes, é possível encontrar de projetos residenciais a corporativos de grande porte. Quais são as particularidades que devem ser analisadas em cada um destes segmentos?
Existem semelhanças e diferenças nas duas tipologias de projetos. Os projetos residenciais unifamiliares, normalmente, refletem a psiquê de um indivíduo ou de um pequeno grupo de indivíduos, como um casal, por exemplo, enquanto um projeto corporativo não entra exatamente nessa seara, uma vez que não é possível dizer que uma empresa possui uma psiquê.
Todavia, tanto o projeto residencial unifamiliar quanto o projeto corporativo buscam transmitir os valores e a visão de mundo dos clientes, dessa forma, existe uma aproximação, mesmo que de forma distinta. Enquanto o cliente de uma casa pode buscar uma linguagem que privilegie a privacidade e simplicidade por uma questão totalmente pessoal, uma empresa, normalmente, quer ver consolidada em sua arquitetura a sua filosofia, aquilo que a distingue perante as outras empresas e perante a sociedade.
Por falar em projetos corporativos, podemos citar o do PRIMACREDI. Nos conte como foi desenvolvido este projeto e quais pontos foram levados em conta em relação a outros projetos comerciais, visto que este carrega alguns diferenciais como ATMs, salas de espera etc.
Como relatado acima, quando fomos procurados para desenvolver o projeto da PRIMACREDI, nos foram passados os valores da empresa de modo que buscássemos concretizar isso no projeto arquitetônico. Dessa forma, nosso projeto precisava transmitir solidez, transparência, modernidade, tecnologia e segurança.
Foi com muita conversa com a liderança de cada setor da empresa que o projeto foi sendo construído, buscando atender às necessidades específicas de cada área, mas buscando uma linguagem coesa que conectasse a arquitetura, como um todo, a uma linguagem.
Então, o resultado final que vemos é a síntese de todas essas necessidades, e de certa forma, um pouco do que se trata a cultura da empresa.
Em um post do APTO OLI, é mencionado o termo “Design Thinking”. Além do moodboard, quais suas outras estratégias e qual a importância deste conceito para a Arquitetura?
O Design Thinking trata-se, antes de qualquer coisa, de um método projetual consciente que busca abrir o que é chamado de “caixa-preta” do processo criativo, ou seja, busca, através de uma metodologia estruturada, trabalhar o processo criativo de modo mais transparente e menos misterioso. Por ser um método estruturado de raciocínio projetual, o Design Thinking tende a estimular processos criativos e trabalhar o projeto de modo mais democrático, permitindo uma maior interação entre todos os agentes envolvidos no trabalho, sejam eles arquitetos, clientes ou construtores, todos são capazes de entender o processo e como se chegou a determinado resultado, e isso facilita a comunicação em obra.
Como outras estratégias usamos, por exemplo, o “Parametric Design Thinking” quando temos a oportunidade de trabalharmos com Arquitetura paramétrica além, é claro, do método tradicional de projeto. Varia de caso a caso, conforme a demanda do projeto e do cliente.
Qual projeto vocês julgam ter sido o mais desafiador para o escritório e por quê? E qual trouxe mais orgulho de vocês terem em seu portfólio?
Não temos um projeto preferido, nos dedicamos ao máximo para que todos nos orgulhem e satisfaçam às expectativas dos nossos clientes. Temos, é claro, alguns projetos que geraram mais repercussão. Entre os construídos, podemos citar o projeto de interiores do Sesc Arsenal e o da PRIMACREDI, sendo este último um dos maiores desafios que tivemos na nossa empresa, seja pelo porte, seja pelas demandas específicas. Entre os não executados, podemos citar o projeto da sede do CAU-GO, que ficou em terceiro lugar no concurso nacional de Arquitetura, e a Casa GIF, por ser um dos projetos que mais sintetizam a nossa arquitetura: simplicidade e sofisticação.