Os sistemas de compartilhamento de bicicletas se consolidaram em grandes centros urbanos, e têm se mostrado como uma resposta prática, barata e sustentável para o trânsito
Um sistema de mobilidade urbana prático e efetivo deve ser um dos pilares para cidades que almejam qualidade de vida para sua população. Principalmente em metrópoles e grandes centros urbanos, o congestionamento provocado pelo sucateamento de carros e motos no trânsito é um dos grandes problemas a serem enfrentados para alcançar esta mobilidade ideal.
Uma das soluções para isso seria a aposta em um sistema multimodal , abrindo espaço para o uso de outros modais, como transportes coletivos – ônibus, metrôs e trens – e bicicletas. Ao lado dos carros de aplicativo, como Uber, Cabify e 99, as viagens de bicicletas por demanda, num chamado sistema de compartilhamento de bikes – conhecido por “bikesharing” – têm sido uma realidade em capitais brasileiras.
Geralmente, o bikesharing é promovido por uma parceria entre uma empresa privada e uma instituição pública.
Em 2019, dados da Tembici revelaram que a Bike POA opera 6,5 viagens por bicicleta, por dia, superando a média de metrópoles europeias
O Bike Sampa, por exemplo, é uma iniciativa do Banco Itaú com a empresa especializada em soluções de mobilidade urbana Tembici que disponibiliza bikes pela maior cidade do país, em parceria com a Prefeitura de São Paulo. São 2.700 bicicletas espalhadas em 260 estações.
A Tembici também gerencia os programas de compartilhamentos de bicicletas Bike Rio (Rio de Janeiro), Bike POA (Porto Alegre), Bike Salvador, Bike Pernambuco, entre outros. O Bike Rio foi o primeiro inaugurado. Em 2008, era chamado de Pedala Rio, mudando de nome em 2011. Com a implementação de bicicletas elétricas – ou e-bikes – no final do ano passado na capital fluminense, em apenas seis meses de operação, foram registradas pela empresa mais de 380 mil viagens.
Em 2019, dados da Tembici revelaram que a Bike POA opera 6,5 viagens por bicicleta, por dia, superando a média de metrópoles europeias, em que este sistema já é bem consolidado, como em Barcelona, com média diária de quatro viagens, e em Paris, com esta média acima de três.
Origens do bikesharing
Os sistemas de compartilhamento de bicicletas passaram por uma evolução que se distingue em três fases principais. A primeira começou no início dos anos 60, nos Países Baixos e Escandinávia, e ficou conhecida como “White Bikes” (ou Free Bikes). Consistia no oferecimento gratuito de bicicletas, sem estações fixas, cobrança ou limite de utilização. Este sistema logo faliu, tornando-se inviabilizado pelo vandalismo, roubos e falta de manutenção das bicicletas.
Na segunda fase, lançada em Copenhagen em 1995, existiam estações fixas e o sistema funcionava através de depósitos em moedas para retirar e devolver as bicicletas. Isso possibilitou uma maior popularização do compartilhamento de bicicletas e até gerou interesse comercial com patrocínios privados, embora as bikes ainda continuassem suscetíveis a roubos, o que veio a ser solucionado na terceira geração.
o bikesharing passou a contar com sistemas ainda mais avançados, com estações móveis e sem travas, informações de trânsito em tempo real, rastreamento e monitoramento das bicicletas por GPS e, ainda, é provável que possa ter a utilização de um cartão conectado a outros modais de transporte coletivo
A terceira geração chegou em Rennes, na França, em 1998. Seus diferenciais eram totens de atendimento nas estações, que permitia ao usuário se registrar, realizar depósitos, planejar a rota etc. Estes sistemas também possuíam dispositivos de travamento, cuja interface eletrônica possibilitava retirar e devolver as bicicletas em qualquer hora e lugar, e dispositivos RFID, com monitoramento constante pelos operadores do sistema, que também passaram a analisar os dados gerados.
Com esta fase bem-sucedida, o bikesharing passou a contar com sistemas ainda mais avançados, com estações móveis e sem travas, informações de trânsito em tempo real, rastreamento e monitoramento das bicicletas por GPS e, ainda, é provável que possa ter a utilização de um cartão conectado a outros modais de transporte coletivo, sendo assim, o usuário poderá utilizar a rede de transporte (ônibus, metrôs e trens) e complementar a viagem com a bicicleta, permitindo a real integração dos modais.
Aliás, um levantamento da Tembici apontou que mais de 20% das viagens com bicicletas compartilhadas começam ou terminam em estações próximas a pontos de transporte público.
Além desta integração multimodal, confira outros benefícios do compartilhamento de bicicletas:
- Menos poluição sonora e atmosférica no trânsito, visto que as bicicletas são silenciosas e não emitem gases nocivos;
- Economia em gastos com combustível e manutenções, que costumam ser altos em veículos como carros;
- Melhora no tráfego urbano, minimizando o sucateamento de carros e motos nas ruas;
- Benefícios para a saúde física, como melhora no condicionamento físico, redução da gordura corporal e fortalecimento dos membros inferiores;
- Benefícios para a saúde mental, como redução de estresse.
Pedalando em Vinhedos
O bairro Vinhedos disponibilizará um sistema multimodal, no qual a bicicleta terá um papel fundamental, como o próprio arquiteto Jhonny Rother sinalizou em sua entrevista para nosso blog. Além disso, teremos trilhas para bike, estimulando nossos moradores a já começarem a se acostumar com este meio de transporte que veio para tomar as ruas das cidades.