Smart City: um conceito sustentável, tecnológico e social

Smart City: um conceito sustentável, tecnológico e social

As “cidades inteligentes” visam uma interação entre os domínios físico, digital e biológico com objetivo de garantir espaços sociais sustentáveis

Na última década, o conceito de Smart City — “Cidade Inteligente”, em tradução livre — ganhou atenção mundialmente, crescendo principalmente em lugares como Estados Unidos e Europa. O termo foi criado para descrever uma cidade que, a partir de tecnologias inovadoras e soluções inteligentes, busca atuar em diferentes áreas, com objetivo de solucionar problemas sociais do desenvolvimento urbano desenfreado.

Segundo dados de relatório das Nações Unidas (ONU, 2018), há uma expectativa de que 7 bilhões de pessoas, isto é, dois terços da população mundial, passe a ocupar as áreas urbanas até 2025. É aí que a “cidade inteligente” entra, visando evitar que os municípios continuem sendo os protagonistas dos problemas ambientais globais.

Atualmente, o conceito de smart city valoriza iniciativas de energia e mobilidade com o uso de tecnologias modernas para minimizar as constantes mudanças climáticas e, desse modo, trazer mais qualidade de vida aos centros urbanos

O crescimento desenfreado de uma cidade urbana fomenta múltiplas problemáticas, visto que as dimensões sociais, econômicas e ambientais convergem fortemente, conforme pontua o European Commission. A superlotação da população nesses espaços também traz uma série de questões prejudiciais como o congestionamento de veículos, poluição, degradação ambiental, violência, insuficiência de serviços básicos (água, energia, saneamento, etc.), entre outros.

Em contramão e como uma alternativa a essa realidade, a smart city aborda a importância da inclusão social, estruturada em uma infraestrutura eficiente que enxerga a necessidade de práticas de sustentabilidade, conforme argumentam os autores latino-americanos sobre o conceito.

Nessa fluidez entre infraestrutura, serviços, informação, comunicação, planejamento e gestão urbana, tem-se um espaço que quer atender às insuficiências sociais e econômicas da população. O Cities in Motion Index, do IESE Business School, na Espanha, explica que 10 diferentes aspectos expõem o nível de inteligência de uma cidade: governança, administração pública, planejamento urbano, tecnologia, o meio ambiente, conexões internacionais, coesão social, capital humano e economia.

European Commission

De onde surgiu o conceito “smart city”?

A expressão começou a ser traçada no início de 1990 em um momento em que as tecnologias de informação e comunicação (TIC) passaram a integrar significativamente a infraestrutura moderna de novas formas de governanças.

Ao longo dos anos, ganhou desdobramentos e se ampliou para um contexto mais social e sustentável, conforme o relatório dos Estudos Estratégicos, “Cidades Inteligentes: Uma abordagem humana e sustentável”, analisa.

O conceito mais atual, porém, foi denominado anos depois, durante a Feira de Hannover (Alemanha), em 2011, em que se pautou a realidade das fábricas inteligentes (smart factories), as quais mesclam o modo de produção com sistemas inteligentes conectados. Assim como as smart cities, o modelo é denominado “quarta revolução industrial” ou “segunda era das máquinas”, de acordo com pesquisadores e autores que abordam o tema.

Em contramão e como uma alternativa a essa realidade, a smart city aborda a importância da inclusão social, estruturada em uma infraestrutura eficiente que enxerga a necessidade de práticas de sustentabilidade, conforme argumentam os autores latino-americanos sobre o conceito.

A quarta revolução industrial apresentou um dos principais dispositivos de mudanças tecnológicas, a “internet das coisas” (IoT). Esta que representa a incorporação de sensores, softwares e outras tecnologias aos objetos físicos visando conexões, além de cruzar dados e apresentar sistemas com suporte da internet.

Em meio ao uso dos dispositivos de IoT, as discussões sobre cidade inteligente (ou smart city, ubiquitous city ou intelligent city, e outros termos) se expandiram ao redor do mundo, adquirindo novos significados, como uma forma de interação entre os domínios físico, digital e biológico, e princípios sociais.

Quais são os principais princípios das cidades inteligentes?

Atualmente, o conceito de smart city valoriza iniciativas de energia e mobilidade com o uso de tecnologias modernas para minimizar as constantes mudanças climáticas e, desse modo, trazer mais qualidade de vida aos centros urbanos — um dos princípios mais discutidos acerca desse novo modelo de cidade. É urgente, inclusive, que os espaços abordem as alterações climáticas e garantam propostas para superar esses desafios.

Embora não sejam os únicos, a mentalidade sustentável, o acesso à cultura, o alto nível de educação (capital humana), a facilidade de movimentação (deslocamento), a segurança e os serviços públicos de qualidade sustentam os focos fundamentais de uma cidade inteligente.

O conceito de smart city valoriza iniciativas de energia e mobilidade com o uso de tecnologias modernas para minimizar

As smart cities procuram ferramentas tecnológicas promissoras do IoT para as implementações sociais. Um exemplo é o poste de iluminação inteligente, o qual garante acesso à internet sem fio, além de anunciar alertas aos moradores, monitorar o tráfego (de pedestres e veículos) e a qualidade do ar, detectar regiões alagadas, entre outras funcionalidades.

Iniciativas brasileiras em relação às smart cities

No Brasil, também já se discute o planejamento das cidades inteligentes, embora em menor escala se comparado aos países da Europa. Aqui, tem-se a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes e o Programa Brasileiro para Cidades Inteligentes Sustentáveis, os quais são iniciativas que pensam e discutem esse modelo em solo brasileiro.

Cidades de grande, médio e pequeno porte começaram a apostar nesse conceito de desenvolvimento social e nas práticas sustentáveis. Diversas cidades experimentam os princípios de smart cities, como São Paulo, Belo Horizonte e Goiânia.

Outro grande exemplo é o Vinhedos Cuiabá, primeiro bairro planejado da região do Santa Rosa, que é “baseado” no conceito das smart cities, explorando diversos princípios sociais desse modelo. Sobre a proposta, Jhonny Rother explicou que é inspirada na “ideia de quase que um bairro autossustentável”. No local, os habitantes vão encontrar pet parks, eletropostos, bicicletários, entre outros diferenciais.

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