À frente da Arquitectonica Projetos há três décadas, ao lado dos irmãos Alan e Cácia, o arquiteto cuiabano faz do estilo minimalista sua principal marca
Há 30 anos, um sonho começava a ser realizado. E o melhor de tudo: um sonho em família. Na época recém-formados, os irmãos Abel Oliveira Filho e Alan Oliveira, ambos arquitetos, e Cácia Oliveira, engenheira, naturais de Cuiabá, resolveram juntar forças e criar a Arquitectonica Projetos.
Um dos mais prestigiados estúdios de Arquitetura e Urbanismo da capital do Mato Grosso, a Arquitectonica tem conquistado cada vez mais espaço, com projetos espalhados por diversos estados e até mesmo no exterior, sempre levando em conta a longevidade da arquitetura praticada por eles através da contemporaneidade, um trabalho voltado ao estilo minimalista e ao mesmo tempo transpirando modernidade. “Acreditamos que a Arquitetura contemporânea permaneça atualizada por um maior período de tempo”, ressalta Abel.
Como surgiu seu interesse pela Arquitetura como caminho profissional?
Ainda menino, quando comecei a me entender por gente, já me interessei pela Arquitetura e já tinha o sonho de um dia ser arquiteto. Então corri atrás desse meu sonho. Fui para a escola técnica, pois eu já sabia que o curso técnico de edificações daria um bom embasamento para o curso de Arquitetura.
Conte para nós um pouco sobre a trajetória sua e de seu irmão Alan, que após estudarem e se formarem em São Paulo resolveram retornar a Cuiabá e criar a Arquitectonica.
Nossa família tem por vocação a Arquitetura e a Engenharia. Alan é o mais velho, eu sou o segundo, tem minha irmã Cácia que fez Engenharia, e o caçula, não sei se por influência nossa, também fez Arquitetura. Como em Cuiabá não havia o curso de Arquitetura em 1992, nós procuramos um grande centro, que seria São Paulo ou Rio de Janeiro. Optamos por estudar Arquitetura e Urbanismo no interior de São Paulo, em Mogi das Cruzes. Apesar de ser mais novo, eu fui primeiro e depois no outro ano foi o Alan. E como somos muito ligados à família, quisemos vir atuar em Cuiabá e mostrar o nosso trabalho. Então, assim que nós dois nos formamos, e a nossa irmã também estava se formando em Engenharia na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), decidimos os três abrir a Arquitectonica, que este ano está fazendo 30 anos. Atuamos em projetos aqui na capital mato-grossense, em São Paulo, Camboriú (SC), Campo Grande (MS), Rondonópolis (MT), Porto Velho (RO), até mesmo em Portugal. A Arquitectonica surgiu com os três sócios, que são até hoje os mesmos, e trabalhamos nós e a equipe de apoio, os arquitetos e os estagiários que nos dão respaldo.
O estilo de arquitetura promovido por vocês é o contemporâneo, uma marca dos trabalhos assinados pela Arquitectonica. Explique ao nosso leitor sobre as características desse estilo.
Acreditamos que a Arquitetura contemporânea, em que o menos é mais, permaneça atualizada por um maior período de tempo, e que isso implica na valorização do imóvel. Porque quanto menos adereços, informação e coisas desse tipo houver, mais tempo ela permanecerá atual, e isso vai implicar na valorização do imóvel daqui a 20, 30 anos.
Como é o seu modo de operação, desde o primeiro contato com o cliente até a apresentação do projeto?
Quando solicitam o nosso trabalho, o primeiro passo é montar um programa de necessidades, em que fazemos uma entrevista com o cliente para ver quais são as necessidades dele, da família, do comércio ou qualquer que seja. A partir dessa entrevista, é feito o levantamento topográfico para podermos analisar as características físicas do terreno, e aí então podemos fazer um estudo preliminar que é apresentado para o cliente em forma de plantas e imagens, com recursos de computação gráfica. Assim que esse estudo preliminar é aprovado, damos sequência às demais etapas, como projeto legal, executivo, complementares, de interiores etc.
Percebe-se em seu portfólio disponível nas redes sociais que as construções são amplas, feitas em grandes espaços, inclusive com projetos em regiões como a Chapada dos Guimarães. Quais são os principais desafios de se fazer esse tipo de projeto?
Não vemos isso como um desafio, já que a partir do momento que você gosta do que está fazendo, as coisas fluem naturalmente. Gostamos de fazer essa Arquitetura contemporânea, minimalista, que possui total integração com a natureza, interna e externa, e as divisões normalmente são colocadas somente nos lugares que realmente necessitam, como as áreas íntimas. Nos preocupamos com a integração, a facilidade e o uso de materiais que facilitam a manutenção, e que em uma residência, por exemplo, a família possa estar totalmente integrada e assim pode desfrutar melhor do espaço.
O bairro Vinhedos apresenta uma concepção inovadora, com a integração entre a sustentabilidade urbana, segurança e a natureza. Este destaque para áreas verdes próximas a moradias é uma necessidade em Cuiabá, uma cidade conhecida por suas altas temperaturas. Como poderá ser a integração da arquitetura das residências do bairro com o que o cerca?
Os projetos arquitetônicos em um bairro desse tipo, que já nos oferece tudo isso, precisam ser ecologicamente corretos e totalmente integrados com a natureza. Cada unidade habitacional pode usufruir também de tecnologias existentes hoje, como energia fotovoltaica, automação, reutilização da água, e que toda essa tecnologia possa interagir com o que o bairro Vinhedos venha a oferecer nessa proposta inovadora.
